Resenha Crítica - As Aventuras de Pi

domingo, fevereiro 24, 2013

As Aventuras de Pi foi um dos filmes que assisti nessas férias que mais me encantaram. Aproveitando que hoje acontece a 85ª premiação do Oscar - do qual As Aventuras de Pi foi indicado a 11 categorias -, deixo para vocês a resenha crítica de uma amiga que aceitou colaborar com o blog, Domitila Gonzalez.

Título Original: Life of Pi
Direção: Ang Lee
Roteiro: David Magee
Distribuidor: FOX Filmes
Ano de produção: 2012



Pi Patel (Suraj Sharma) é filho do dono de um zoológico localizado em Pondicherry, na Índia. Após anos cuidando do negócio, a família decide vender o empreendimento devido à retirada do incentivo dado pela prefeitura local. A ideia é se mudar para o Canadá, onde poderiam vender os animais para reiniciar a vida. Entretanto, o cargueiro onde todos viajam acaba naufragando devido a uma terrível tempestade. Pi consegue sobreviver em um bote salva-vidas, mas precisa dividir o pouco espaço disponível com uma zebra, um orangotango, uma hiena e um tigre de bengala chamado Richard Parker.

Fazer uma crítica envolve coisas muito maiores do que simplesmente dizer se foi bom ou se foi ruim, independentemente da linguagem. Fazer um filme também.
Fazer uma crítica envolve falar sobre escolhas – e aí sim, dizer se há coerência ou não. Fazer um filme também.

Começo, então, dizendo que As Aventuras de Pi se apresentou para mim como um filme de boas escolhas. E aí, se a história é verdadeira ou baseada em fatos reais, se é original ou plagiada, aqui não me importa.
Por quê?

Porque, diferentemente do que penso sobre o longa Os Miseráveis, essa sim foi uma história bem contada.
Por que raios uma fedelha acha que a história de um menino indiano que perde a família num naufrágio e acaba por ficar à deriva com um tigre até encontrar o continente foi mais bem contada do que um dos livros mais importantes do mundo?
Porque as escolhas foram coerentes com o que a história se propôs a contar.

Primeiro, estamos diante de um filme que contém uma simplicidade no que diz respeito ao formato do roteiro. Nada que não tenhamos visto antes: um homem contando sua história, flashback para as lembranças, flash para o mundo atual, novamente.

Depois, logo no início, entramos em contato com o escritor (Rafe Spall, Um dia; 2011) que já nos oferece o dado de que existe algo de extraordinário com Pi Patel (Irrfan Khan,  Quem quer ser um milionário?; 2008). Ou seja: já sabemos o que vai acontecer.  E é diante disso que reforço: não importa o que vai ser contado, mas como vai ser contado.

Utilizando-se de efeitos visuais e recursos em 3D, além de 4 tigres de bengala revezando-se no papel de Richard Parker, o roteiro simples acaba tornando-se muito bem amarrado.
Embalada pelas canções de Mychael Danna – que tem em seu currículo a trilha de filmes como Capote (2005) e Pequena Miss Sunshine (2006) – e conduzida pela direção sensível de Ang Lee (O Segredo de Brokeback Mountain, 2005), a história de Pi Patel emociona e chega ao espectador como uma fábula que se ouve antes de dormir.

O enredo é repleto de simbolismos que caminham principalmente no território da religião, se levarmos em conta que o protagonista procura por algo em que acreditar desde pequeno, passando por várias crenças orientais e ocidentais, até se encontrar.

“É uma história que o fará acreditar em Deus”, dizem ao escritor. Partindo daí, se resgatarmos a história da Arca de Noé e o dilúvio, encontramos semelhanças tais como a própria tempestade e o fato de os animais terem embarcado no navio cargueiro junto com a família de Pi.

A fotografia excepcional do chileno Claudio Miranda – que já nos havia presenteado com as belíssimas cores de O Curioso Caso de Benjamin Button (David Fincher,2008) – reforça a ideia de sonho, intensificando a imersão do espectador, que se vê extasiado com baleias e peixes voadores, fins de tarde alaranjados e tempestades assustadoras.

É mais do que mais um filminho pra curtir o sábado à noite. É um filme de belas escolhas, escolhas justas e coerentes.

As Aventuras de Pi foi indicado a 11 categorias no Oscar e merece ser visto pela qualidade de produção cinematográfica e capacidade de encantamento presente nas coisas simples. Afinal, não é todo dia que encontramos um tigre chamado Richard Parker.

Confira o trailer:

Esta crítica foi originalmente postada no site Cinemascope, e se encontra clicando aqui.

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2 comentários

  1. Sempre falam tão bem desse filme... E como já tem o livro, antes de ver o filme, irei ler o livro primeiro....

    beijos,

    feliciity-unjourdepluie.blogspot.com.br

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  2. Adorei o blog e a resenha. Já ouvi falar desse livro e tenho interesse em lê-lo. Parabéns pelo blog.

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