Contos.

Goodbye.

quinta-feira, agosto 05, 2010

Ela estava sentada no chão frio da sala, próxima a grande porta de vidro que dava acesso à varanda. Com as pernas dobradas e abraçando seus joelhos, ela não conseguia desviar o olhar do dia nublado que fazia do lado de fora. Tudo parecia muito cinza, frio e triste. Mas ela tinha certeza que nada conseguiria ser pior do que a dor que ela sentia dentro dela naquele momento; que apesar de tudo, de lá fora parecer tão feio, alí dentro, naquele apartamento, tudo parecia muito pior. Fungou mais uma vez, tentando controlar-se para que o choro não voltasse outra vez. Ela não queria parecer tão fraca, mas ela simplesmente não tinha escolha. Não conseguia dominar seus sentimentos e fazer-se indiferente. Ouviu os passos ecoando pelo chão de madeira e pararem próximos a ela. Um segundo depois ele estava sentado ao seu lado, quieto, e o coração dela voltou a acelerar. Como ela conseguiria viver sem essa sensação? Ela ainda não o olhava, mas pode ouvir a sua voz:

- Parece que eu vou ter que sair daqui usando uns dez casacos. – Ele soltou uma risada sem emoção, numa tentativa falha de fazer a garota sorrir. Respirou profundamente e passou uma das mãos pelo cabelo, ansioso. Seu coração também batia rápido, e ele podia senti-lo partindo-se aos poucos. – Você sabe o quanto isso é difícil para mim também... te ver assim torna tudo ainda mais difícil. – Ele esperou, até que ela virou a cabeça lentamente para olhá-lo. Ela apoiou a cabeça sob os joelhos, enquanto tentava transmitir com o olhar que, apesar de tudo, ela entendia.
- Me desculpe. – Ela pronunciou, quase num sussurro, e fungou mais uma vez. Seus olhos brilhavam de uma maneira extrema, mas ele não gostava disso. Porque, desta vez, o brilho provinha das lágrimas que ela tentava guardar. – Eu só... não queria que você tivesse que ir. – Uma lágrima desceu por seu rosto, sem que ela pudesse contê-la. Ele sentiu seu coração apertar-se, como se no segundo seguinte fosse explodir com a dor que sentia.
- Você sabe que eu estou fazendo isso tentando acertar, não sabe? – Ele passou a mão pelo cabelo macio da menina, guardando a sensação na memória. Ele, nem que quisesse, poderia esquecer qualquer mínimo detalhe que guardava dela. Viu ela acenar afirmativamente com a cabeça e continuou. – É para o nosso bem. Talvez nem leve tanto tempo até podermos resolver tudo.
- Espero. E espero que essa dor passe logo. Eu não sei se posso aguentar... – Ela ainda o olhava, e então não pode segurar mais o choro que estava preso dentro dela. As lágrimas caíram silenciosas, e ao vê-las, ele a abraçou tão junto a ele que, em certo momento, ficou com medo de estar machucando-a. Mas ela somente retribuía o abraço na mesma intensidade. - Dói tanto!
- Eu sei, eu sei! Me desculpe. Me desculpe por não poder ficar, por te fazer sofrer... eu juro que isso era tudo o que eu não queria! – Ele disse, apoiando o rosto nos cabelos dela e sentindo o cheiro doce que eles tinham. O lembrava cheiro de baunilha. Ele inspirou mais uma vez e, junto com as outras memórias, guardou mais uma. – E vou voltar... você sabe que eu vou.
- Eu vou te esperar. – Ela sussurrou quando se afastou um pouco para olhá-lo nos olhos. – Não importa quanto tempo passe... eu ainda vou estar aqui. – Aquilo era tudo o que ele precisava ouvir. Sabia que não podia cobrá-la algo tão egoísta; não podia pedir-lhe que parasse com a sua vida. Mas, de certo modo, ele precisava saber que ela ficaria alí, assim como ele voltaria por ela.
- Eu amo você. – Foi o que de mais sincero ele conseguiu dizer. Era tudo o que ele sentia, era tudo o que o preenchia. Ele era feito inteiramente do amor que sentia por ela. Ela era sua razão, sua força, sua motivação. Ela era tudo o que importava, tudo o que ele tinha. Ele viu um sorriso fraco, porém verdadeiro iluminar o rosto da menina, e sorriu junto dela. Era inevitável.
- Eu amo você. – Ela disse, baixinho, e acariciou o rosto do menino. Ele, por sua vez, repetiu o gesto, enquanto ambos fechavam os olhos e aproximavam os rostos para o beijo mais apaixonado que eles já haviam experimentado durante toda a vida. Nele havia todo um conflito de sentimentos, e de mais predominante a saudade que já se instalava em ambos os corpos.

Após romperem o beijo, olharam-se durante alguns minutos e ficaram abraçados, um confortando ao outro. Não era preciso mais palavras, eles sabiam tudo o que era preciso saber. Eles sentiam. E, de algum modo, uma de suas certezas era de que aquele não seria o fim. Ele respirou fundo, olhou a menina virar o rosto para encara-lo e então tentou dizer com os olhos: chegou a hora. Sem nenhuma palavra, lágrimas formaram-se nos olhos dos dois, mas alí mantiveram-se. Ela mordeu o lábio inferior e afirmou com a cabeça, enquanto levantava-se junto com ele do chão. O olhar da menina seguiu direto para a porta, onde uma grande mala estava encostada desde a hora em que havia acordado. Respirou fundo e sentiu seu coração abrindo pequenas rachaduras, que ela tinha certeza que ficariam maiores com o tempo. Olhou-o para encontrar seu olhar reconfortante e quando o encontrou, teve outra certeza: por maior que fosse o tempo e por maior que fossem as rachaduras, todas seriam curadas no instante em que ele estivesse de volta em seus braços. Ele a abraçou pelos ombros e os dois seguiram até a porta, onde abraçaram-se e beijaram-se por mais um tempo. Ele pegou sua mala e abriu a porta, passando pela mesma enquanto andava de costas para poder olhá-la. Ele gravava cada centímetro da menina, que agora permanecia encostada ao batente, olhando-o e fazendo exatamente o mesmo. A espera pelo elevador até que este chegasse ao andar onde estavam pareceu uma eternidade, como se para que o momento doloroso durasse ainda mais. Quando ele chegou, o menino colocou a mala para dentro e deu uma última olhada em sua menina, que agora já não conseguia segurar as lágrimas. Ele queria escutar a voz dela mais uma vez, mas sabia que se o fizesse, ficaria. No entanto, sabia que ligaria assim que chegasse ao aeroporto. Uma pequena lágrima correu seu rosto. Ele a amava. Ela o amava. Era só o que importava; era só o que ambos precisavam saber. Com um último aceno, ele entrou dentro do elevador e ela o perdeu de vista. Então era isso. Essa havia sido de longe a despedida mais dolorosa que os dois haviam enfrentado. Mas eles sabiam que, por um lado, valia a pena esperar. Ali, num futuro que talvez não fosse muito distante, haveria um reencontro. E nada, absolutamente nada seria melhor do que isso.

Contos.

It's not over.

terça-feira, junho 29, 2010

Ela olhava uma das tantas vitrines iluminadas e chamativas, mas sem realmente prestar muita atenção. Um casal de crianças atravessou a sua visão, e então seu olhar seguiu-as. Eles não deviam ter mais do que quatro ou cinco anos, e riam enquanto tentavam pegar um ao outro numa gostosa brincadeira. Logo uma mulher que aparentava ser a mãe dos pequenos se aproximou, um sorriso calmo nos lábios, e então pegou os dois pelas mãos e abaixou-se, ficando quase na mesma altura dos dois. Os três conversavam animadamente e aquilo fez a menina sorrir involuntariamente, como se por um segundo ela pudesse esquecer a tristeza que estava sentindo.

- O que você está olhando? - O menino, com um sorriso divertido nos lábios olhava a menina perdida em pensamentos. Esta, por sua vez, como se acordasse de um transe, olhou-o e balançou a cabeça, sorrindo singelamente.
- Eram só as crianças alí. - Virando seu corpo um pouco na direção oposta, ele pôde ver as suas crianças e sua mãe, que ainda sorriam e conversavam. Virou-se novamente para a menina, com o sorriso que ela mais amava estampado no rosto, e esticou sua mão por cima da mesa para alcançar e segurar a dela, onde postou carinhos com o polegar. Ela suspirou fortemente, segurando a mão dele com mais firmeza. - Você tem mesmo que ir?
- Você sabe que sim. - Ele respondeu, o sorriso sumindo abruptamente de sua face. Seu semblante, agora sério, mostrava que ele também não estava feliz com a situação. - Eu ficaria se eu pudesse, amor. Você sabe disso.
- É só que... - Ela suspirou mais uma vez, soltando a mão dele e colocando as duas sobre o rosto, escondendo-o. - Vai demorar tanto tempo. Como eu... como eu vou ficar sem você aqui? - Sua voz era calma, porém trazia todo um peso de sentimentos conturbados. Ele teria que ir embora, ele havia escolhido ir. Era uma oportunidade única, que não poderia ser desperdiçada. Ela sabia que devia deixá-lo ir. Só não sabia como aceitar e se acostumar com isso.
- Você vai ficar bem, acredite em mim. - Ele tentava lhe passar segurança, algo que ele também gostaria de ter, porém só aparentava possuir. Era tudo incerto, um caminho totalmente novo. Ele poderia perder o que deixaria para trás e sabia disso. - O tempo vai passar rápido. O ano logo vai acabar e nós nem vamos perceber... e então, vamos estar aqui, juntos de novo. - Ela o olhou, e então quando seus olhos encontraram o dele ela sentiu toda a paz que precisava; a paz que ele lhe passava. Ela acreditou nas palavras dele, por mais que parecesse cruel demais estarem separados por tanto tempo.
- Você vai voltar, não é? Promete? - A súplica da menina parecia a de uma criança que pedia aos pais por um doce, o que fez o garoto soltar uma breve risada e olhá-la com ternura. Ele estendeu ambas as mãos sob a mesa novamente e ela juntou as suas com as dele. Choques percorriam ambos os corpos desde a ponta dos dedos, e a sensação era boa demais para que algum dia eles pudessem ser capazes de esquecer.
- É claro que eu vou. - Ele levantou as mãos dela até seus lábios e depositou, em cada uma delas, pequenos beijos enquanto olhava-a nos olhos. Pode ver um sorriso nascer calmamente nos lábios da menina. - Eu prometo.

Depois de ouvirem a última chamada para o vôo, os dois se levantaram da mesa e seguiram para o portão de embarque. De mãos unidas, os dois cruzaram o aeroporto sem pronunciar sequer uma palavra. Nada precisava ser dito, eles já sabiam tudo. Ela o esperaria voltar, e ele voltaria. Eles não se esqueceriam. Eles acreditavam que, independente de qualquer coisa, ficariam juntos. E isso era tudo o que ambos queriam. O tão famoso "felizes para sempre".

- E então... é isso. - O menino disse, quase num sussuro. Distantes alguns passos do portão de embarque, os dois se abraçavam enquanto olhavam-se. Estavam guardando cada centímetro dos rostos um do outro na memória. O cheiro, o olhar, o toque, tudo estava sendo memorizado.
- Faça uma boa viagem e me ligue quando chegar. - Ela disse, lhe arrumando a gola do pesado casaco e puxando-o um pouco mais para perto, encostando sua cabeça em seu peito. Respirou profundamente o aroma que não sentiria mais por muito tempo.
- Eu vou. - Ele apertou a menina em seus braços, depositando um pequeno beijo no alto de sua cabeça. Ela tinha o melhor abraço do mundo, e só ele sabia o quanto sentiria falta daquilo. Suspirou, sentindo a saudade já se instalar em seu peito. - Eu amo você. - A menina afastou-se somente o suficiente para poder encará-lo, com lágrimas nos olhos.
- Eu amo você. - Ela pronunciou num fio de voz. E então, como se nada mais precisasse ser dito, eles uniram os lábios e beijaram-se ternamente, aproveitando cada segundo que lhes restava.

Não foi fácil separarem os corpos do abraço, muito menos que ele pegasse sua pequena mala de mão e finalmente cruzasse o portão. Ele andou até onde pôde com o corpo virado na direção da menina, olhando-a com um sorriso triste enquanto se afastava. Ela tinha o mesmo sorriso. Acenaram brevemente com as mãos, então ele sumiu quando atravessou a última porta visível. Ela não pode conter o choro. Silenciosas, as lágrimas dançavam sob seu rosto e deixavam suas bochechas geladas, antes aquecidas pelo contato das mãos do menino. Ficou por alí alguns minutos mais, olhando o portão sem conseguir se mover, e então decidiu que iria até o vidro no andar superior onde ela poderia observar a pista de decolagem. Voltando pelo aeroporto, seguindo até a escada rolante mais próxima, ela passou pela frente do portão de desembarque. Viu alí três rostos conhecidos que lhe chamaram a atenção. Naquele instante, as duas crianças soltaram as mãos da mãe e correram para o portão, e o olhar da menina as seguiu. As duas abraçaram um homem, que logo largou suas malas no chão e abaixou-se para pegar ambos no colo. A mulher correu na direção dos três, então formando um abraço coletivo. O pai dos pequenos havia voltado e a felicidade estampada no rosto deles fez com que um singelo sorriso se formasse no rosto da menina. De alguma maneira, aquilo havia lhe passado segurança. Ela agora tinha uma certeza: ele iria voltar. E eles seriam felizes; juntos.

Contos.

The end.

quarta-feira, junho 23, 2010

Então, aquele era o dia que ela tanto havia esperado. Aquele era o dia que ela tanto havia sonhado. Estar alí, de frente ao espelho, olhando seu longo vestido branco parecia ser mais uma cena de um sonho. Ou de um conto de fadas, ela não sabia dizer ao certo. Tudo havia sido planejado da maneira correta, tudo estava saindo do jeito que ela queria e ela já não podia esperar mais naquele pequeno cômodo. Porém, suas mãos não tremiam e ela não tinha vontade de chorar. Por mais especial que fosse aquele dia, os momentos a seguir, ela estava calma. Era como se uma paz infinita estivesse a rodeando, quase palpável, quase nítida. Olhou-se no espelho mais uma vez, ajeitando o véu e checando a maquiagem, mesmo que sem necessidade. Não havera uma lágrima sequer para tirá-la do lugar. Olhou ao redor, notando mais uma vez todos os detalhes de seu agora antigo quarto. Ela gostava de tudo alí. As cores, os objetos, tudo havia sido escolhido por ela e era o seu "cantinho feliz". Era onde poderia se esconder e fugir do mundo; onde ela poderia fazer o que bem entendesse sem dar explicações a ninguém. E agora ela estava deixando aquilo para trás; seu pequeno quarto e tantas coisas mais fariam parte de um passado que havia sido trocado por uma vida adulta; a vida que ela idealizara durante tanto tempo. Caminhou até a janela e, inconcientemente, deixou um leve suspirou escapar por seus lábios. Ela ainda tinha medo de ter feito a escolha errada, mas não podia esperar durante toda a sua vida. Mais uma vez, repetiu para si mesma que aquilo era o que ela queria e era o mais certo a ser feito, soltando outro suspiro mais pesado e passando uma de suas mãos pelo rosto com cuidado.

- Posso entrar? - Ela ouviu uma pequena batida na porta e virou-se de súbito, tomada pela surpresa que a voz lhe trouxera. Encarou o corpo do homem encostado ao batente, e este não possuia nenhuma expressão aparente em seu rosto. Mas ela o conhecia; e ela pode ver, em seus olhos, que dentro dele não havia felicidade.
- O que você está fazendo aqui? - Sua voz soou baixa, mas firme. Ela não queria parecer rude, mas ela não tinha outra opção, vista a situação em que os dois se encontravam. Ele esboçou um pequeno sorriso no canto dos lábios, sem emoção alguma.
- Esqueceu de que eu disse que te seqüestraria no dia do seu casamento? - Ele avançou um pouco no cômodo, ficando de frente para a estante de livros e com as costas viradas para ela, evitando qualquer tipo de contato visual.
- Esqueceu que eu disse que você não me convenceria a desistir de tudo? - Ela cruzou os braços, esperando que, por pelo menos uma vez, ele soubesse encarar a situação da maneira correta e não estragasse tudo mais uma vez.
- Não. E também disse que seria mais fácil se eu tentasse me casar com você antes disso tudo poder acontecer. - Ele virou seu corpo, finalmente olhando-a nos olhos e percebendo o quanto aquilo lhe fazia falta. Ela estava maravilhosa. E ele desejou mais do que tudo no mundo que, quando ela entrasse caminhando pela igreja, fosse em sua direção.
- Mas você não fez isso. - Ela tentava olhá-lo sem perder o foco, mas não conseguia. Ele segurava o paletó do terno nas mãos e estava vestido com roupa social completa; o cabelo estava muito bem arrumado e ela conseguia sentir o cheiro de seu perfume inebriante. Aquele devia ser o seu noivo, mas não era. Tentou se livrar daqueles pensamentos impróprios, mas mesmo assim não tirou os olhos da imagem dele. Ela precisava ser firme.
- Eu também me lembro de mais uma coisa. - Ele disse calmamente, sua voz suave. Soava como música aos ouvidos dela, mas ela não queria se deixar levar. Ele deu dois passos em sua direção, diminuindo um pouco a distância entre eles. - Eu me lembro de dizer que não era uma questão de te convencer, só uma questão de você aceitar. Porque... - Ele fez uma pausa, incerteza dominava o seu olhar, mas ela podia ver que alí também lutava um mínimo pedaço de esperança. Ela resolveu completar a sentença.
- Porque era o nosso destino, e nós não tínhamos escolha. Porque nós ficaríamos juntos, não importa o que acontecesse. - E pela primeira vez naquele dia, ela sentiu grossas lágrimas se formando sob seus olhos. Ela não queria e nem podia ser fraca, mas todas as lembranças de um passado conturbado voltaram a sua mente.
- Exatamente. - Ele fez um pequeno gesto afirmativo com a cabeça, como se para confirmar ainda mais que ela havia acertado aquilo que ele ia dizer. Mordeu o lábio inferior ao perceber as lágrimas nos olhos da menina. Menina? Não, agora ela era uma mulher. Uma mulher prestes a se casar. A mulher de sua vida; a mesma que ele havia deixado escapar por entre seus dedos.
- Eu não queria ter que dizer isso um dia, mas... - com uma pausa, ela deixou uma pequena lágrima dançar por seu rosto, escorrendo pela bochecha e chegando rápida ao queixo. Ela também o amava, sempre amaria. Mas era tarde demais. - Eu quero mudar o meu destino agora. - Ela terminou de falar, virando-se de costas para ele novamente e olhando o pôr-do-sol no céu pela janela. Ela sempre amara o pôr-do-sol, mas nem ele parecia animá-la agora.
- É, eu demorei demais. Mas eu... eu só quero que você seja feliz. - Ela o ouviu falar por um fio de voz, fazendo com que seu coração ficasse ainda mais apertado. - Eu só não vou poder... você sabe, estar lá... - Ela agitou a cabeça em confirmação e virou-se novamente para ele, vendo-o com as mãos nos bolsos e a cabeça baixa. - Eu vou embora agora. - Ele olhou-a de repente, com os olhos marejados, porém sem brilho. Ela nada disse, apenas olhou aquele que tanta felicidade e tanta dor havia lhe trazido. Eles não precisavam confirmar, pois viam um nos olhos do outro o que os corações sentiam. Os dois sabiam que aquele amor nunca mais iria se repetir, não importava o tempo que vivessem.

Com um pequeno aceno, ele virou seu corpo e andou até a porta, passando por ela sem olhar para trás. Ela sabia que aquele era o fim da história que os dois haviam escrito por tantos anos. E por mais que ela não tivesse vontade de escrever uma outra, ela deveria virar a página do livro de sua vida. De algum modo, aquele não devia ser o fim. Aquele devia ser o começo.

New!

terça-feira, junho 22, 2010

Heeeello!
Olha só... finalmente eu consegui acabar o layout novo aqui do blog.
Deu um poquinho de trabalho pra arrumar todos os códigos, mas é isso aí.
Essa é a nova cara do We're The Dreamers. Agora tudo separadinho, com "capa", e até lugar para comentários, que se encontra alí encima, clicando em "misc"! :D
Em breve, novos textos pra esse cantinho que eu gosto tanto. :)

xx

Fanfics.

Capítulo 2 - Days To Remember

segunda-feira, junho 21, 2010

- Eu sempre quis fazer ela sorrir, sabe... – Eu disse vagamente, enquanto um sorriso bobo brotava nos meus lábios mais uma vez. Eu sempre tive certeza de que, para ser feliz, de alguma forma eu precisava que ela fosse feliz também. Funcionava como um espelho. Eu era tudo o que ela conseguia me transmitir. Ela era parte de mim, assim como eu era parte dela.

Pedaço pequenininho do capítulo 2 de Days To Remember que finalmente vai ser enviado pro FFOBS! :)

Contos.

I wonder if someday I'll be good with goodbyes...

terça-feira, abril 27, 2010

Acordar e não ter um motivo para sorrir.
Andar na rua e ver que não importa para onde você está indo já que o seu rumo não é aquele que você queria seguir.
Escutar músicas e só conseguir lembrar de um passado que, dolorosamente, não vai se repetir.
Escrever palavras que só te fazem lembrar o quão triste você está agora.
Escutar os outros falando que, se você está pra baixo e não acha uma saída pros seus problemas, a culpa é exclusivamente sua; mas ter consciência que não é bem assim.
Achar que tudo e todos estão contra você.
Não conseguir achar graça em mais nada.
Ver casais felizes e desejar com todas as forças que você pudesse estar disfrutando daquilo também.
Cansar de tudo e jurar que nunca mais vai se render a um amor.
Querer sumir, não fazer nada e não falar com ninguém por pelo menos um mês.
É, é assim que eu estou me sentindo agora.

Contos.

What is the matter with you?

domingo, abril 18, 2010

Um chá. Era disso que ela precisava. Aquilo iria funcionar e ela ficaria mais calma. Aquilo a faria dormir. Camomila, talvez? É, essa foi a sua escolha. Colocou a água para ferver, e logo em seguida buscou por sua caneca favorita; ela não sabia porquê, mas usá-la trazia a ela um pouco de conforto, como se fosse um dos aspectos existentes no seu imaginário mundo perfeito. O saquinho pequeno de ervas já repousava dentro do recipiente, e ela, encostada ao balcão da pia, ouvia o chiar da água no fogão. Esperou mais um instante e retirou a chaleira de lá, depositando o conteúdo na caneca e sentindo o aroma reconfortante adentrando-lhe as narinas. Um pouco de açúcar e estava pronto. Dirigiu-se com a bebida até seu quarto, sentando-se na cama em seguida. Encostada em uma das paredes, ela pensava no passado mais uma vez. Aliás, quando ela havia deixado de pensar, afinal? Em qual momento do seu dia - de todos os seus dias - ela não pensava em tudo o que estava torturando-a silenciosamente? Era uma ferida exposta. Qualquer um podia ver, se olhasse com atenção; mas ela mesma preferia esconder. "Está tudo bem. Eu já esqueci." Desculpas. Meras desculpas. Ela sempre soube que palavras poderiam machucar mais do que ações. Ela sempre soube que a ausência dele a faria perder um pedaço de si mesma toda vez que ela se desse conta de que ele não estava mais alí; nem por ela, nem por eles. Mas ela preferiu acreditar que tudo seria diferente, que a dor nunca mais voltaria e que ela poderia confiar nele novamente. "E se ele fizer de novo? E se ele sumir? E se ele não voltar?". Não fazia sentido. Ele não iria embora de novo... não é? Mais um engano. Como ela poderia acreditar agora, ferida interna e tão profundamente que já não sentia-se por parte viva, que ele nunca fizera nem faria nada para magoá-la?

- Por que você está me dizendo isso? Qual é o seu problema? - Ela tentava pronunciar as palavras calmamente, mas o quanto mais tentava, mais impossível parecia conseguir ter controle por suas ações.
- Qual é o meu problema? Você é a errada! Não me acuse! Eu já disse o quanto você consegue me irritar com esse tipo de coisa? Com esse tipo de atitude? - Ele, de fato, parecia um pouco mais concentrado que ela. Mas só aparentemente. Em algum canto de seu peito, doía-lhe como mil facadas estar dizendo aquelas palavras, estar brigando com ela. Mais uma vez.
- Mas eu não fiz nada! Você sabe disso! Eu não posso acreditar que você esteja fazendo isso outra vez! - Jogando as mãos para cima, sem saber muito bem o que fazer, ela encarava o garoto a sua frente olhá-la com os olhos intensos e expressivos. Ele podia não demonstrar, mas ela sabia lê-lo. Ela via o quão perturbado ele também estava. Porém, ele permaneceu em silêncio. - Sabe o que ME irrita? Essa sua desconfiança em mim, mesmo depois de tudo o que eu fiz, depois de tudo que teria que te fazer pensar o contrário do que está pensando agora! Eu já te provei o suficiente de tudo, você não vê? - Colocando uma parte do cabelo atrás da orelha, ela sentiu seus olhos ficarem marejados sem nem ao menos ter chance de contê-los. Ela estava perdida; seu mundo estava caindo mais uma vez e ela simplesmente não tinha onde se segurar.
- Quer saber? Eu vou embora. - Mantendo ainda a mesma expressão no rosto, ele se virou lentamente para sair do cômodo, seguindo em direção a porta. Seus passos eram curtos, como se ele tivesse que exercer a maior força do mundo para mover seus pés para fora dalí.
- O que? Você não pode! Fique aqui! Aonde você pensa que vai? - Ela correu até onde ele estava e segurou-lhe o braço, sem pensar muito bem no que havia acabado de fazer. Ela não podia se prender ao orgulho; ela não conseguia. Ela só precisava que ele permanecesse alí. Ele virou um pouco de seu corpo na direção da menina, que esperava com um olhar ansioso por uma resposta.
- Eu... tenho que ir. - E com um último olhar e a cabeça baixa, ele virou-se novamente e conseguiu seguir seu trajeto inicial, cruzando a porta e sumindo da visão da menina, que havia ficado estática no lugar onde ele, segundos atrás, havia estado.
- Não vá... não me deixe aqui sozinha. - Um último sussuro saiu por seus lábios, enquanto uma lágrima solitária descia por sua face gelada. Ela sentiu os pedaços de seu coração partindo-se, tornando-se afiados e arranhando todo o seu interior, causando-lhe uma dor conhecida, porém esquecida durante um bom tempo.


Ele havia ido embora. Novamente. Ela não tinha mais esperanças. Ou talvez até tivesse... mas preferia não acreditar. Preferia sofrer calada, como havia fazendo há alguns meses. Ela tentava não lembrar, tentava não pensar, mas nem sempre era fácil. Em noites como aquela, somente o tal chá poderia fazer com que o cansaço vencesse a sua mente e as suas memórias e a fizesse dormir uma noite inteira. Eram tantas perguntas... todas sem respostas. Porque ele não estava mais alí para lhe responder. Terminou de tomar sua bebida, deixando a caneca no criado-mudo ao seu lado e deitando-se calmamente na cama, embrenhando-se no confortável edredom verde de flores que ela tanto gostava. Com um suspiro profundo, ela fechou os olhos e tentou deixar sua mente assumir uma figura negra, livre de pensamentos ou qualquer coisa que a perturbasse. Mas ela sabia que quando acordasse, tudo retornaria com a mesma intensidade. E depois de alguns minutos, a inconsciência tomou seu lugar, levando-a para uma atmosfera mais agradável, sem visíveis incômodos.
E se ele não voltar?

Contos.

Nothing really matters.

domingo, abril 18, 2010

Ainda eram 7:30 da manhã, mas o relógio no criado-mudo acabara de despertar, exageradamente barulhento, como eu sempre achei que ele era. Virei-me para o lado contrário e então meus lábios quase rasgaram meu rosto com um sorriso; ele estava alí, ainda adormecido e com a respiração calma. Queria poder acariciar-lhe o rosto, mas o medo de lhe tirar daquele estado confortável era terrível demais. E então, inexplicavelmente um pequeno sorriso surgiu no canto de seus lábios.
- Você está fazendo de novo, amor. - Ouvi sua voz rouca dizer-me aquelas palavras já tão conhecidas. Eu ainda me surpreendia com a minha própria surpresa ao ouvi-las.
- Me desculpe. Eu só não consigo evitar. - Eu ainda o olhava quando ele abriu os olhos, mostrando-me aquela imensidão sem fim, totalmente hipnotizante que sempre fazia com que eu perdesse o meu foco.
- O que tem de tão interessante em ficar me olhando dormir? - Ele apoiou o cotovelo sobre o travesseiro, e na mão postou sua cabeça, numa perfeita pose engraçada de quem não podia entender o meu ponto de vista. E mesmo com o cabelo totalmente bagunçado e a cara de sono exibindo olheiras fracas, ele ainda me parecia lindo.
- Olhar você dormir já é um costume para mim, meu bem. - Olhei-o ternamente, acostumando-me mais uma vez ao fato de que aquele ser perante mim era inteiramente meu e com o tamanho da minha sorte por isso. - Ver você ao meu lado todas as manhãs é sempre a primeira coisa boa de todos os meus dias. Como posso evitar olhar-te quando isso me faz esquecer de todas as coisas ruins? - Os olhos dele, agora um pouco mais intensos, analisaram meu rosto cuidadosamente, exibindo um tipo de brilho diferente após alguns segundos.
- Você... nunca tinha me dito isso. - Com cuidado, colocou uma de suas mãos sob o meu rosto e acariciou minha bochecha, como se eu fosse frágil demais para tal toque. - Se te faz feliz, posso ficar aqui o dia inteiro com você. Só acho que você vai cansar de me olhar.
- Eu tenho plena certeza de que isso é impossível. - Acariciei-lhe toda a extensão da face, desde a raiz dos cabelos, passando pelos olhos e bochechas, boca e queixo, enquanto ele fechava os olhos para sentir o toque da pele fria de meus dedos contra seu rosto. Eu morreria feliz depois de ver o sorriso que ele estampava. - Eu amo você.
- Eu sei... - Quando abriu os olhos, aproximou-se lentamente de mim e selou nossos lábios, mas somente por um instante. - Eu amo você. - Seu olhar era sério e penetrante, e acredito que o meu era um perfeito reflexo. Eu não podia fazer mais nada do que sorrir, embora.
- E então... ainda temos aquele bolo de chocolate para o café. - O ouvi gargalhar gostosamente após o que eu havia dito, e não pude evitar rir junto. - Eu sei o quanto você gosta daquela cobertura!
- É claro! Sua cobertura de chocolate é a melhor do mundo! - E com um salto, saímos os dois da cama, atravessando a porta do quarto e seguindo rumo à cozinha, onde daria-se seguimento a mais um dia que havia iniciado-se do jeito que eu mais gostava... ao lado dele.


E então o despertador ao meu lado tocou, e eu percebi que tudo não havia passado de um sonho. Outra vez.

Contos.

I wonder what is like to be loved by you...

quarta-feira, março 31, 2010

"Eu me pergunto se algum dia eu não vou sentir fa falta dele. Se algum dia, a dor da saudade será um pouco mais suportável, ou inexistente. Eu penso nisso por um segundo e tenho a resposta: não. Não vai mudar. Pode até se esconder, mas não vai sumir. Sentimentos assim são tão difíceis, complicados de desaparecer... e não vão embora. Não quando foram cravados tão profundamente.
Qualquer apaixonado sabe do que eu falo. Me refiro a sentir falta dele em todas as coisas, todas as horas do meu dia. E de todos os momentos, esse foi o que eu mais pude perceber o quanto de mim ele levou consigo quando foi embora. Porque eu sinto falta de tudo. De ser acordada aos fins de semana antes das sete ou oito da manhã e não ficar brava, porque era ele quem me acordava. De receber mensagens e ligações repentinas. Das brigas... ah, até das brigas. Dos "oi", "tudo bem?", "como foi seu dia?", "bom dia", "boa noite", e até das despedidas por tantas vezes tão indesejadas. E agora eu vejo que eram melhores do que nada.
Sinto falta de poder ajudar, de saber se ele teve algum problema na faculdade ou com alguma pessoa... ou só de saber se ele está triste ou feliz. Poder lembrá-lo que eu estaria lá, por ele, quando ele precisasse.
E que falta faz saber que toda a culpa pelo sorriso estampado no rosto dele é minha... e que falta faz saber que as músicas que ele escuta o fazem se lembrar de mim, ou qualquer coisa assim... que falta faz a presença dele na minha vida. E que falta faz o meu verdadeiro eu, a pessoa que eu era, que eu não tinha vergonha de mostrar e que era absolutamente feliz, com ele.
Há quase quatro anos eu conheci o meu melhor amigo. O único que sempre soube me ouvir e sempre soube me aconselhar, mesmo dizendo que eu era quem tinha os melhores conselhos. Há quase três anos eu percebi que o meu melhor amigo era o meu amor; e há quase três anos eu percebi que quando a gente descobre esse tipo de coisa, tudo fica três vezes mais complicado e que se você não souber enfrentar o que vem pela frente, tudo se perde.
O que faz mais falta de tudo é fazer parte da vida dele, assim como ele fazia parte da minha vida."

Fanfics.

Days To Remember

quinta-feira, março 25, 2010

"O amor pode fazer toda uma vida um conto de fadas; ou ele pode simplesmente ser sinônimo de dor e infelicidade. Ele escolheu a indiferença; você, o silêncio. Tudo o que aconteceu foi conseqüência de escolhas erradas. Mas será que tudo pode mudar quando sua vida é vista pelos olhos de outra pessoa?"

Descrição da minha nova fic, Days To Remember, que entrou no FFOBS hoje!
Espero que dê certo dessa vez... :)
xx

Contos.

Never Mind

quinta-feira, março 04, 2010

E eu que pensava que o silêncio era totalmente quieto. É mais barulhento que uma avenida com carros e suas buzinas irritantes. os gritos da mente imploranto por respostas de todas todas as perguntas existentes.
Você sozinho não está só. Está alí com sua consciência, consigo mesmo. Por um instante parece tranquilo e do nada aparece um abismo do qual você é obrigado a pular.
Nenhum canto por mais claro que seja possui a calma, tudo se torna escuro. Por que todas essas cobranças? Eu nasci com a minha vida, mas eu não a possuo. Ela pertence aos outros que insistem em mudá-la de tantas formas, adequa-la em tantos moldes julgados perfeitos que na verdade não passam de só mais um teste. E eles acham que é o jeito certo, mas não é.
Eles só estão aumentando a minha queda lá daquele penhasco. Eu quero escolher também. E só queria a liberdade de escolher tudo o que eu puder, sem ser refém desses robôs, aqueles para que tudo tem que sempre ser igual. Aqueles que não são capazes de enxergar as mudanças. Eu já errei e não tenho medo de que isso vire notícia. Mas o pior erro que infelizmente eu não me canso de cometer é me importar com o que estampam os outros rostos a meu respeito.
O que acontece nesse segundo, no seguinte já é passado. Para que eu devo me importar tanto mesmo?

Contos.

Look At The Sky

quinta-feira, março 04, 2010

Ela olhou pela janela quando percebeu os raios de sol, que ultrapassavam a superfície fina e transparente de vidro, atingiram sua pele. Percebeu as pequenas, porém várias nuvens formando um céu típico de desenhos animados bem à frente de seus olhos. Encantou-se. Os vários tons de azul presentes alí, no horizonte misturando-se com o branco, levava à ela um sentimento de calma, de tranquilidade. Não conseguia pensar em nada mais perfeito. Ela estava voando. Estava voando e todo o seu medo havia ido embora. Não havia limite, apenas a imensidão. Um leve sorriso estampou seu rosto. Felicidade. Era tão simples enxergar a beleza em algo tão simples como aquele final de tarde...

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