Contos.

It's not over.

terça-feira, junho 29, 2010

Ela olhava uma das tantas vitrines iluminadas e chamativas, mas sem realmente prestar muita atenção. Um casal de crianças atravessou a sua visão, e então seu olhar seguiu-as. Eles não deviam ter mais do que quatro ou cinco anos, e riam enquanto tentavam pegar um ao outro numa gostosa brincadeira. Logo uma mulher que aparentava ser a mãe dos pequenos se aproximou, um sorriso calmo nos lábios, e então pegou os dois pelas mãos e abaixou-se, ficando quase na mesma altura dos dois. Os três conversavam animadamente e aquilo fez a menina sorrir involuntariamente, como se por um segundo ela pudesse esquecer a tristeza que estava sentindo.

- O que você está olhando? - O menino, com um sorriso divertido nos lábios olhava a menina perdida em pensamentos. Esta, por sua vez, como se acordasse de um transe, olhou-o e balançou a cabeça, sorrindo singelamente.
- Eram só as crianças alí. - Virando seu corpo um pouco na direção oposta, ele pôde ver as suas crianças e sua mãe, que ainda sorriam e conversavam. Virou-se novamente para a menina, com o sorriso que ela mais amava estampado no rosto, e esticou sua mão por cima da mesa para alcançar e segurar a dela, onde postou carinhos com o polegar. Ela suspirou fortemente, segurando a mão dele com mais firmeza. - Você tem mesmo que ir?
- Você sabe que sim. - Ele respondeu, o sorriso sumindo abruptamente de sua face. Seu semblante, agora sério, mostrava que ele também não estava feliz com a situação. - Eu ficaria se eu pudesse, amor. Você sabe disso.
- É só que... - Ela suspirou mais uma vez, soltando a mão dele e colocando as duas sobre o rosto, escondendo-o. - Vai demorar tanto tempo. Como eu... como eu vou ficar sem você aqui? - Sua voz era calma, porém trazia todo um peso de sentimentos conturbados. Ele teria que ir embora, ele havia escolhido ir. Era uma oportunidade única, que não poderia ser desperdiçada. Ela sabia que devia deixá-lo ir. Só não sabia como aceitar e se acostumar com isso.
- Você vai ficar bem, acredite em mim. - Ele tentava lhe passar segurança, algo que ele também gostaria de ter, porém só aparentava possuir. Era tudo incerto, um caminho totalmente novo. Ele poderia perder o que deixaria para trás e sabia disso. - O tempo vai passar rápido. O ano logo vai acabar e nós nem vamos perceber... e então, vamos estar aqui, juntos de novo. - Ela o olhou, e então quando seus olhos encontraram o dele ela sentiu toda a paz que precisava; a paz que ele lhe passava. Ela acreditou nas palavras dele, por mais que parecesse cruel demais estarem separados por tanto tempo.
- Você vai voltar, não é? Promete? - A súplica da menina parecia a de uma criança que pedia aos pais por um doce, o que fez o garoto soltar uma breve risada e olhá-la com ternura. Ele estendeu ambas as mãos sob a mesa novamente e ela juntou as suas com as dele. Choques percorriam ambos os corpos desde a ponta dos dedos, e a sensação era boa demais para que algum dia eles pudessem ser capazes de esquecer.
- É claro que eu vou. - Ele levantou as mãos dela até seus lábios e depositou, em cada uma delas, pequenos beijos enquanto olhava-a nos olhos. Pode ver um sorriso nascer calmamente nos lábios da menina. - Eu prometo.

Depois de ouvirem a última chamada para o vôo, os dois se levantaram da mesa e seguiram para o portão de embarque. De mãos unidas, os dois cruzaram o aeroporto sem pronunciar sequer uma palavra. Nada precisava ser dito, eles já sabiam tudo. Ela o esperaria voltar, e ele voltaria. Eles não se esqueceriam. Eles acreditavam que, independente de qualquer coisa, ficariam juntos. E isso era tudo o que ambos queriam. O tão famoso "felizes para sempre".

- E então... é isso. - O menino disse, quase num sussuro. Distantes alguns passos do portão de embarque, os dois se abraçavam enquanto olhavam-se. Estavam guardando cada centímetro dos rostos um do outro na memória. O cheiro, o olhar, o toque, tudo estava sendo memorizado.
- Faça uma boa viagem e me ligue quando chegar. - Ela disse, lhe arrumando a gola do pesado casaco e puxando-o um pouco mais para perto, encostando sua cabeça em seu peito. Respirou profundamente o aroma que não sentiria mais por muito tempo.
- Eu vou. - Ele apertou a menina em seus braços, depositando um pequeno beijo no alto de sua cabeça. Ela tinha o melhor abraço do mundo, e só ele sabia o quanto sentiria falta daquilo. Suspirou, sentindo a saudade já se instalar em seu peito. - Eu amo você. - A menina afastou-se somente o suficiente para poder encará-lo, com lágrimas nos olhos.
- Eu amo você. - Ela pronunciou num fio de voz. E então, como se nada mais precisasse ser dito, eles uniram os lábios e beijaram-se ternamente, aproveitando cada segundo que lhes restava.

Não foi fácil separarem os corpos do abraço, muito menos que ele pegasse sua pequena mala de mão e finalmente cruzasse o portão. Ele andou até onde pôde com o corpo virado na direção da menina, olhando-a com um sorriso triste enquanto se afastava. Ela tinha o mesmo sorriso. Acenaram brevemente com as mãos, então ele sumiu quando atravessou a última porta visível. Ela não pode conter o choro. Silenciosas, as lágrimas dançavam sob seu rosto e deixavam suas bochechas geladas, antes aquecidas pelo contato das mãos do menino. Ficou por alí alguns minutos mais, olhando o portão sem conseguir se mover, e então decidiu que iria até o vidro no andar superior onde ela poderia observar a pista de decolagem. Voltando pelo aeroporto, seguindo até a escada rolante mais próxima, ela passou pela frente do portão de desembarque. Viu alí três rostos conhecidos que lhe chamaram a atenção. Naquele instante, as duas crianças soltaram as mãos da mãe e correram para o portão, e o olhar da menina as seguiu. As duas abraçaram um homem, que logo largou suas malas no chão e abaixou-se para pegar ambos no colo. A mulher correu na direção dos três, então formando um abraço coletivo. O pai dos pequenos havia voltado e a felicidade estampada no rosto deles fez com que um singelo sorriso se formasse no rosto da menina. De alguma maneira, aquilo havia lhe passado segurança. Ela agora tinha uma certeza: ele iria voltar. E eles seriam felizes; juntos.

Contos.

The end.

quarta-feira, junho 23, 2010

Então, aquele era o dia que ela tanto havia esperado. Aquele era o dia que ela tanto havia sonhado. Estar alí, de frente ao espelho, olhando seu longo vestido branco parecia ser mais uma cena de um sonho. Ou de um conto de fadas, ela não sabia dizer ao certo. Tudo havia sido planejado da maneira correta, tudo estava saindo do jeito que ela queria e ela já não podia esperar mais naquele pequeno cômodo. Porém, suas mãos não tremiam e ela não tinha vontade de chorar. Por mais especial que fosse aquele dia, os momentos a seguir, ela estava calma. Era como se uma paz infinita estivesse a rodeando, quase palpável, quase nítida. Olhou-se no espelho mais uma vez, ajeitando o véu e checando a maquiagem, mesmo que sem necessidade. Não havera uma lágrima sequer para tirá-la do lugar. Olhou ao redor, notando mais uma vez todos os detalhes de seu agora antigo quarto. Ela gostava de tudo alí. As cores, os objetos, tudo havia sido escolhido por ela e era o seu "cantinho feliz". Era onde poderia se esconder e fugir do mundo; onde ela poderia fazer o que bem entendesse sem dar explicações a ninguém. E agora ela estava deixando aquilo para trás; seu pequeno quarto e tantas coisas mais fariam parte de um passado que havia sido trocado por uma vida adulta; a vida que ela idealizara durante tanto tempo. Caminhou até a janela e, inconcientemente, deixou um leve suspirou escapar por seus lábios. Ela ainda tinha medo de ter feito a escolha errada, mas não podia esperar durante toda a sua vida. Mais uma vez, repetiu para si mesma que aquilo era o que ela queria e era o mais certo a ser feito, soltando outro suspiro mais pesado e passando uma de suas mãos pelo rosto com cuidado.

- Posso entrar? - Ela ouviu uma pequena batida na porta e virou-se de súbito, tomada pela surpresa que a voz lhe trouxera. Encarou o corpo do homem encostado ao batente, e este não possuia nenhuma expressão aparente em seu rosto. Mas ela o conhecia; e ela pode ver, em seus olhos, que dentro dele não havia felicidade.
- O que você está fazendo aqui? - Sua voz soou baixa, mas firme. Ela não queria parecer rude, mas ela não tinha outra opção, vista a situação em que os dois se encontravam. Ele esboçou um pequeno sorriso no canto dos lábios, sem emoção alguma.
- Esqueceu de que eu disse que te seqüestraria no dia do seu casamento? - Ele avançou um pouco no cômodo, ficando de frente para a estante de livros e com as costas viradas para ela, evitando qualquer tipo de contato visual.
- Esqueceu que eu disse que você não me convenceria a desistir de tudo? - Ela cruzou os braços, esperando que, por pelo menos uma vez, ele soubesse encarar a situação da maneira correta e não estragasse tudo mais uma vez.
- Não. E também disse que seria mais fácil se eu tentasse me casar com você antes disso tudo poder acontecer. - Ele virou seu corpo, finalmente olhando-a nos olhos e percebendo o quanto aquilo lhe fazia falta. Ela estava maravilhosa. E ele desejou mais do que tudo no mundo que, quando ela entrasse caminhando pela igreja, fosse em sua direção.
- Mas você não fez isso. - Ela tentava olhá-lo sem perder o foco, mas não conseguia. Ele segurava o paletó do terno nas mãos e estava vestido com roupa social completa; o cabelo estava muito bem arrumado e ela conseguia sentir o cheiro de seu perfume inebriante. Aquele devia ser o seu noivo, mas não era. Tentou se livrar daqueles pensamentos impróprios, mas mesmo assim não tirou os olhos da imagem dele. Ela precisava ser firme.
- Eu também me lembro de mais uma coisa. - Ele disse calmamente, sua voz suave. Soava como música aos ouvidos dela, mas ela não queria se deixar levar. Ele deu dois passos em sua direção, diminuindo um pouco a distância entre eles. - Eu me lembro de dizer que não era uma questão de te convencer, só uma questão de você aceitar. Porque... - Ele fez uma pausa, incerteza dominava o seu olhar, mas ela podia ver que alí também lutava um mínimo pedaço de esperança. Ela resolveu completar a sentença.
- Porque era o nosso destino, e nós não tínhamos escolha. Porque nós ficaríamos juntos, não importa o que acontecesse. - E pela primeira vez naquele dia, ela sentiu grossas lágrimas se formando sob seus olhos. Ela não queria e nem podia ser fraca, mas todas as lembranças de um passado conturbado voltaram a sua mente.
- Exatamente. - Ele fez um pequeno gesto afirmativo com a cabeça, como se para confirmar ainda mais que ela havia acertado aquilo que ele ia dizer. Mordeu o lábio inferior ao perceber as lágrimas nos olhos da menina. Menina? Não, agora ela era uma mulher. Uma mulher prestes a se casar. A mulher de sua vida; a mesma que ele havia deixado escapar por entre seus dedos.
- Eu não queria ter que dizer isso um dia, mas... - com uma pausa, ela deixou uma pequena lágrima dançar por seu rosto, escorrendo pela bochecha e chegando rápida ao queixo. Ela também o amava, sempre amaria. Mas era tarde demais. - Eu quero mudar o meu destino agora. - Ela terminou de falar, virando-se de costas para ele novamente e olhando o pôr-do-sol no céu pela janela. Ela sempre amara o pôr-do-sol, mas nem ele parecia animá-la agora.
- É, eu demorei demais. Mas eu... eu só quero que você seja feliz. - Ela o ouviu falar por um fio de voz, fazendo com que seu coração ficasse ainda mais apertado. - Eu só não vou poder... você sabe, estar lá... - Ela agitou a cabeça em confirmação e virou-se novamente para ele, vendo-o com as mãos nos bolsos e a cabeça baixa. - Eu vou embora agora. - Ele olhou-a de repente, com os olhos marejados, porém sem brilho. Ela nada disse, apenas olhou aquele que tanta felicidade e tanta dor havia lhe trazido. Eles não precisavam confirmar, pois viam um nos olhos do outro o que os corações sentiam. Os dois sabiam que aquele amor nunca mais iria se repetir, não importava o tempo que vivessem.

Com um pequeno aceno, ele virou seu corpo e andou até a porta, passando por ela sem olhar para trás. Ela sabia que aquele era o fim da história que os dois haviam escrito por tantos anos. E por mais que ela não tivesse vontade de escrever uma outra, ela deveria virar a página do livro de sua vida. De algum modo, aquele não devia ser o fim. Aquele devia ser o começo.

New!

terça-feira, junho 22, 2010

Heeeello!
Olha só... finalmente eu consegui acabar o layout novo aqui do blog.
Deu um poquinho de trabalho pra arrumar todos os códigos, mas é isso aí.
Essa é a nova cara do We're The Dreamers. Agora tudo separadinho, com "capa", e até lugar para comentários, que se encontra alí encima, clicando em "misc"! :D
Em breve, novos textos pra esse cantinho que eu gosto tanto. :)

xx

Fanfics.

Capítulo 2 - Days To Remember

segunda-feira, junho 21, 2010

- Eu sempre quis fazer ela sorrir, sabe... – Eu disse vagamente, enquanto um sorriso bobo brotava nos meus lábios mais uma vez. Eu sempre tive certeza de que, para ser feliz, de alguma forma eu precisava que ela fosse feliz também. Funcionava como um espelho. Eu era tudo o que ela conseguia me transmitir. Ela era parte de mim, assim como eu era parte dela.

Pedaço pequenininho do capítulo 2 de Days To Remember que finalmente vai ser enviado pro FFOBS! :)

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