Críticas.

Resenha - Quem é você, Alasca?

segunda-feira, março 25, 2013


Título Original: Looking For Alaska
Autor: John Green
Número de páginas: 229
Lançado no Brasil pela editora WMF Martins Fontes



Miles Halter é um adolescente fissurado por célebres últimas palavras — e está cansado de sua vidinha segura e sem graça em casa. Vai para uma nova escola à procura daquilo que o poeta François Rabelais, quando estava à beira da morte, chamou de o “Grande Talvez”. Muita coisa o aguarda em Culver Creek, inclusive Alasca Young. Inteligente, engraçada, problemática e extremamente sensual, Alasca levará Miles para o seu labirinto e o catapultará em direção ao Grande Talvez. Quem é você, Alasca? narra de forma brilhante o impacto indelével que uma vida pode ter sobre outra. Este livro incrível marca a chegada de John Green como uma voz importante na ficção contemporânea.

Enrolei para escrever a resenha sobre "Quem é Você, Alasca?" por diversos motivos. Primeiramente porque me apaixonei pela escrita de John Green e quis deixar a poeira baixar um pouco antes de expressar a minha opinião sobre o livro, para ser o mais justa possível. Eis que já li diversos livros depois e o meu amor pela história e pelo autor não diminuiu nem um pouco, então resolvi que é melhor falar de uma vez: por que tão intenso, John Green?

Miles é um garoto normal, com uma vida normal, que está enjoado de toda essa normalidade e resolve que precisa achar um sentido para a sua vida - sair em busca do seu Grande Talvez. Muda-se então para o colégio interno onde seu pai havia estudado, o Culver Creek, no Alabama. Pela primeira vez em sua vida, consegue fazer amigos de verdade. Pela primeira vez, consegue sentir-se incluso. E pela primeira vez, tem seu mundo virado de pernas para o ar por uma garota.

O Gordo - apelido que Miles ganha de seus novos amigos Coronel, Alasca e Takumi - é viciado em últimas palavras e tem guardado na memória tudo o que grandes personalidades disseram antes de seu "suspiro final". Antes de entrar para o novo colégio era um menino tímido, sem amigos e vivia em seu próprio mundo particular. Conforme vai se acostumando com o novo cenário a sua volta e as novas pessoas inclusas em sua vida, o garoto muda, tornando-se extrovertido e perdendo seus medos, mas sem perder sua personalidade.

Alasca Young - a garota que faz Gordo trocar os pés pelas mãos - é totalmente seu oposto. Destemida, extrovertida, divertida, questionadora, maluca e diferente: ela não se parece com ninguém que ele houvesse conhecido antes. Apaixonada por livros, deseja encontrar uma saída do labirinto (alusão as últimas palavras de Simón Bolívar, encontradas no livro "O General no Seu Labirinto", de Gabriel García Márquez). Se há uma palavra para descrever Alasca, essa palavra é intensa. Ela realmente vive, ela realmente sente. Nas palavras de Miles:

"Se as pessoas fossem chuva, eu era garoa e ela, um furacão."

Coronel é o garoto com pose de machão que divide o dormitório com Gordo, o que faz com que os dois tornem-se melhores amigos. Ele preza, acima de tudo, a lealdade entre amigos, e é o rei dos "trotes" e "pegadinhas" do colégio. Sincero, desbocado, um pouco maluco e um líder nato. Ele é exatamente o tipo de pessoa que Miles precisava como amigo para alcançar as mudanças que gostaria de ter em sua vida, e isso facilita muito a aproximação dos dois, formando uma dupla inseparável.

Outros personagens importantes aparecem no decorrer do livro e fazem única a experiência de Miles na Culver Creek. Entre eles estão alguns outros amigos, alguns "inimigos" e professores, e cada um contribui de uma maneira especial na história. 

Por ser um livro que tem como cenário o ambiente escolar e trata da história de adolescentes que ainda são de certa forma imaturos, tudo te faz pensar que a leitura será boba e que não vai lhe acrescentar nada. Mas é aí que a magia de John Green acontece. Por estarem desvendando a vida, por terem tantos questionamentos e por estarem no auge das descobertas - deles mesmos e do mundo -, os personagens apresentam pontos de vista incríveis, que te fazem refletir muito mais do que você poderia ter imaginado. Sem falar nas aulas de religião a quais os jovens assistem (onde estudam o islamismo, o cristianismo e o budismo, sendo ministradas por um professor que de tão velho, já não consegue nem respirar direito), que fazem com que Miles e você, leitor, desenvolva toda uma nova filosofia. Se não isso, pelo menos te faz pensar e questionar a vida e suas inúmeras questões.

"Quem é você, Alasca?" é, sim, de certa forma, um livro sério. Te faz rever conceitos e vivenciar situações da vida de uma maneira diferente. Mas não se pode descartar o humor típico de John Green, que faz com que livro também seja leve e muito engraçado. Você com certeza irá se divertir com as encrencas nas quais os adolescentes se metem e dar muitas risadas com os trocadilhos e besteiras ditos por Coronel e Miles. Por estar dividido entre o antes e o depois, junto da contagem dos dias, você simplesmente não consegue parar de ler, aflito para saber qual será o evento que dividirá a história.

Já tinha ouvido falar muito bem desse livro antes de lê-lo, o que me fez desejá-lo loucamente, e acabei ganhando como um dos meus presentes de aniversário do ano passado. Posso dizer que foi uma das leituras que mais me fizeram refletir, apesar de parecer superficial. Recomendo e arrisco dizer que esse é daqueles livros que você precisa ler em momentos diferentes da sua vida, diversas vezes, pois com certeza encontrará significados e aprendizados diferentes, além de respostas para suas próprias perguntas.


Críticas.

Resenha - As Vantagens de Ser Invisível

terça-feira, março 19, 2013

Título Original: The Perks Of Being a Wallflower
Autor: Stephen Chbosky
Número de páginas: 223
Lançado no Brasil pela editora Rocco




Cartas mais íntimas que um diário, estranhamente únicas, hilárias e devastadoras - são apenas através delas que Charlie compartilha todo o seu mundinho com o leitor. Enveredando pelo universo dos primeiros encontros, dramas familiares, novos amigos, sexo, drogas e daquela música perfeita que nos faz sentir infinito, o roteirista Stephen Chbosky lança luz sobre o amadurecimento no ambiente da escola, um local por vezes opressor e sinônimo de ameaça. Uma leitura que deixa visível os problemas e crises próprios da juventude.


Resenha por Rejane Santos.

Eu ganhei o livro de presente quando o filme já havia estreado no cinema. No momento, eu estava finalizando uma leitura, então, tive que adiar a leitura imediata. Quando se vive em meio a esse ambiente de internet, você está sempre em contato com as novidades e eu estava achando um esforço muito bonito o meu de fugir das tentações provocadas pelos downloads do filme, fotos promocionais e cenas transformadas em gifs que estavam sendo jogados na minha cara a cada instante. Eu apenas senti que eu precisava ler o livro, antes de ver o filme. Eu sempre prefiro assim. E acho que entre todas as vezes que eu optei por ler antes de ver, foi uma das vezes que eu achei que acertei mais.


A Vantagens de Ser Invisível é um livro curto, tem 223 páginas e a constituição dele é muito confortável e simples. Charlie, o personagem principal e narrador de sua própria história, escreve cartas para nós, leitores, contando suas experiências no início de seu segundo ano do ensino médio. Na verdade, ele divide as experiências, afinal Charlie nunca esteve tão sozinho. Por causa do impacto da morte recente do melhor amigo e o trauma de infância da morte da tia, Charlie tem os aspectos emocionais muito afetados, chegando a ficar agressivo por instintos de proteção. Ele passa, então, a receber atenção especial na escola. 

O professor de inglês, Bill, recomenda uma leitura por semana e encomenda um trabalho de resenha sobre os livros que Charlie lê, a fim de fazer com que ele sinta-se mais a vontade para participar da vida. Durante essas atividades, Charlie confessa que tem dificuldade com a organização das suas próprias ideias. Eu escrevo como eu falo, ele diz. Essa é uma característica muito presente, quando se pensa que Charlie vai falar uma coisa, ele interrompe o pensamento. Quando pensa que ele vai retomar, ele diz algo que você não estava esperando. É mais um elemento da confusão que é a cabeça de Charlie.

A partir do momento em que Charlie se encontra com Patrick e Sam e se torna amigo deles e do grupo de amigos deles, o livro tem outra temática. Deixa de ser um livro voltado para os pensamentos mais sombrios do protagonista, frutos de sua solidão, para ser uma explosão de cores e novas sensações. O mais curioso de todo o envolvimento de Charlie com seus amigos veteranos é que ele mantém a inocência na narração, mesmo diante de um universo de sexo, drogas e rock and roll que ele não conhecia.

Esse contato com os amigos provoca em Charlie descobertas em sua vida, relacionamentos, contato social e noções de comprometimento e parceria. Ele é apaixonado por Sam, mas respeita a sua condição de amigo dela, sem esquecer de seu sentimento e sem perder esperança de que um dia eles possam estar juntos como um casal. No entanto, apesar de viver a vida intensamente, Charlie ainda possui suas inseguranças e a qualquer momento seus pensamentos atormentadores vêm à tona.

O livro e o filme tem parâmetros diferentes e ter a oportunidade de ler e assistir é a melhor pedida. O livro completa o filme e traz alguns aspectos importantes, como a relação de Charlie com a sua família e com seus próprios medos. 

O título do livro é justificado nas ações de Charlie. Por mais segredos, confissões, situações adversas que cruzassem o caminho dele, ele era compreensivo o suficiente para não julgar, agir com o seu coração e assim, manter suas relações com a família e suas amizades fortalecidas. Isso o fazia mais forte, aproximava as pessoas e assim ele se nomeava infinito.

"You see things. 
You keep quiet about them. 
And you understand. 
You're a wallflower."

Coluna da Rê.

Glee - Girls (and Boys) on Film

domingo, março 10, 2013


A Coluna da Rê acontece semanalmente, trazendo resenhas e críticas sobre as séries que assiste, principalmente Glee.
A coluna dessa semana traz os comentários sobre o episódio 15 da quarta temporada de Glee. Importante: contém spoilers.



Resenha: Glee 4x15 – Girls (and Boys) on Film.

Iniciando hoje os trabalhos pra contar pra todo mundo o desenrolar dos últimos sete episódios da série (: A começar por esse que prestou homenagem a números musicais em filmes, como eu já havia antecipado no Especial da Temporada.


A ideia de realizar esse tributo parte de um sonho de Mr. Schue. Ainda afetado pelo abandono no altar, ele se vê recriando a cena de You’re All The World To Me (do filme Royal Wedding) ao lado de Emma. Não é a primeira vez que é mencionado que o professor adora filmes antigos e que isso impacta diretamente em seu humor, vide The Substitute (2x07). Então, no outro dia ele propõe uma tarefa envolvendo números musicais em filmes ao Glee Club, ele justifica dizendo que alguns problemas do dia a dia podem ser amenizados ao se assistir a um filme preferido. Se dá início à competição anual de mash-ups do New Direction, meninos contra meninas performando músicas de seus filmes preferidos a caráter.
Dadas as coordenadas, aparece a primeira cena de Will com Finn, onde eles falam de Emma. Finn aconselha Will a procurar saber onde ela está e lutar por ela, uma vez que desde o casamento ninguém sabe de seu paradeiro. No entanto, Will segue a premissa de que quando Emma estiver pronta pra retomar as coisas, ela vai retomar e só então, ele vai fazer alguma coisa para salvar o relacionamento deles. Então, Finn decide que é preciso que ele faça alguma coisa para ajudar. Ele conversa com Sue, que foi a última pessoa em contato com Emma no dia do casamento, mas ela não sabe dizer onde Emma está. Então, ao conversar com Artie, eles chegam à conclusão de que a melhor forma de descobrir sobre Emma é perguntando aos pais dela onde ela está. Artie e Finn estão vestem perucas ruivas e criam o Clube dos Gingers, para convencer os pais de Emma de que precisam de um contato da moça, porque o clube está sem um líder e eles precisam de Emma para que os ruivos retomem suas vidas em paz na escola. É assim que se descobre que Emma está passando uma temporada com a irmã.
Mudando de cenário e temática, encontramos um New Direction que decide aproveitar o momento de performances de filmes, para realizar um número juntos e dar o pontapé inicial para a competição entre equipes. Depois de uma pequena discussão de gêneros, onde as opiniões pareciam não se encontrar, Blaine propõe que a performance escolhida seja de Shout (do filme Animal House) e meninos e meninas saem dançando e performando por toda a escola: corredores, salas de aula, biblioteca e refeitório. Shout foi a performance de número 500 da história de Glee e foi muito comemorada por todo o cast e crew. Confira:

Críticas.

Resenha - PS: Eu Te Amo

quarta-feira, março 06, 2013

Título Original: Ps: I Love You
Autora: Cecelia Ahern
Número de páginas: 368
Lançado no Brasil pela editora Novo Conceito








Gerry e Holly eram namorados de infância e ficariam juntos para sempre, até que o inimaginável acontece e Gerry morre, deixando-a devastada. Conforme seu aniversário de 30 anos se aproxima, Holly descobre um pacote de cartas nas quais Gerry, gentilmente, a guia em sua nova vida sem ele. Com ajuda de seus amigos e de sua família barulhenta e carinhosa, Holly consegue rir, chorar, cantar, dançar e ser mais corajosa do que nunca.
Conheci a história de Ps: Eu Te Amo há alguns anos atrás, bem antes do filme ser lançado e o livro ter ganhado o reconhecimento merecido do público. No entanto, conheci o livro por meio de uma fanfiction adaptada, e naquela época o livro ainda não havia sido traduzido (sei que, antes do lançado pela Novo Conceito, houve outra tradução, mas acredito que nem essa existia). Por não ler em inglês muito bem antigamente, deixei a leitura de lado, esperando até que - SURPRESA! - o filme foi lançado e Ps: Eu Te Amo teve seu boom merecido. Na verdade, o livro ainda demorou um pouquinho para ser trazido ao Brasil, mas chegou. Melhor tarde do que nunca, não é? Mas vamos ao que interessa...

Ps: Eu Te Amo é uma narrativa feita em terceira pessoa e fala sobre a vida de Holly Kennedy após a perda de seu marido, Gerry.  Uma morte prematura, causada por um tumor no cérebro, leva seu grande e eterno amor e deixa a jovem devastada. Como toda e qualquer pessoa que perde um ente querido, Holly já não tem mais vontade de viver e isola-se em sua casa, longe da família e dos amigos. Afinal, ela vivia pelo marido e ambos eram extremamente unidos. Já não precisava trabalhar, pois largou o emprego para cuidar de Gerry, e sentia como se nenhum dia possuísse motivo suficiente para fazê-la levantar-se da cama e cuidar de si mesma, deixando até de comer e tomar banho - coisas que já não eram mais tão simples.

Em uma das ligações "de rotina" que sua mãe lhe faz, para checar se está tudo bem, Holly descobre que um pacote foi deixado para ela na casa dos pais, com o título "A Lista" acima de seu nome. Depois de uma brincadeira que se originou em uma festa de fim de ano com os amigos, Gerry havia, de fato, deixado à ela a tão preciosa lista. O que há no pacote são doze envelopes, cada um contendo o nome de um mês, e uma carta - essa instrui Holly a seguir as regras que lhe serão dadas através de cada envelope, um por mês, durante um ano. Gerry quer, por meio de suas dicas e bilhetes, ensinar Holly a viver sem ele.

Holly resolve seguir tudo o que os bilhetes de Gerry lhe dizem, mês após mês, na tentativa de mantê-lo "vivo" pelo máximo de tempo possível. Ao decorrer do livro, podemos notar sua lenta evolução - com muitas recaídas - na busca de um novo sentido pela vida. Também conhecemos a engraçada e envolvente família de Holly - formada por seus pais, uma irmã, três irmãos, cunhadas e sobrinhos -, assim como seus amigos, que também possuem um papel muito importante na trama. Apesar de ter uma história um tanto dramática e triste, o livro também tem seus momentos engraçados e suas aventuras. 

Obviamente, um livro que tem como um dos principais focos a morte não é sempre tão fácil de ser lido. Alguns momentos mais pesados e de drama da personagem principal causam certa tristeza e angústia, mas é normal, porque simplesmente faz parte da vida. É natural. Não se podia esperar que ela perdesse o amor de sua vida e fosse apenas mais um romance feliz. E é isso o que eu mais gosto no livro: a realidade. O quão bem a autora conseguiu mostrar a dor da personagem e mostrar que não, não é fácil superar, mas é possível continuar vivendo - mesmo que mal por muito tempo. E, é claro, o amor: tanto de Gerry para com Holly, que mesmo em seus momentos finais importou-se em fazer com que ela fosse feliz, quanto de Holly para com Gerry, que demonstra o tempo inteiro que daria tudo para tê-lo de volta, mesmo com os tantos momentos de discussão. E o amor de sua família e de seus amigos, que são seus grandes pilares de sustentação nesse momento tão delicado.

Apesar do livro estar quase que inteiramente focado em Holly, cada personagem possui uma história diferente e todas são mostradas claramente, te deixando envolvido por cada uma delas. É possível se acostumar com os cenários, que são muito bem descritos, e você sente como se também vivesse em Dublin, na Irlanda, local onde se passa a trama, tamanha a familiaridade. Você também pode se identificar com os sentimentos das personagens, que vão muito além de somente a perda (e pode contar com um rio de lágrimas, também).

Cecelia Ahern escreveu Ps: Eu Te Amo com apenas 21 anos e é de impressionar a forma como conseguiu ter uma narrativa tão doce, envolvente e fluída para contar uma história tão difícil. Ela consegue fazer com que o leitor sinta exatamente o que pretendia com o romance.

Vale dizer que a adaptação cinematográfica do livro possui uma história bem diferente, apesar de manter a mesma base. Ainda assim, também é linda e vale a pena assistir. Para mim o livro é mil vezes melhor, mas você irá se emocionar com ambos.

Ps: Eu Te Amo é uma lição de vida e traz uma moral muito importante: a de que mesmo as piores situações podem resultar em algo bom, e de que sempre vale a pena seguir em frente e não desistir. Com certeza, um dos meus favoritos. Leitura recomendadíssima.

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