Nothing really matters.

domingo, abril 18, 2010

Ainda eram 7:30 da manhã, mas o relógio no criado-mudo acabara de despertar, exageradamente barulhento, como eu sempre achei que ele era. Virei-me para o lado contrário e então meus lábios quase rasgaram meu rosto com um sorriso; ele estava alí, ainda adormecido e com a respiração calma. Queria poder acariciar-lhe o rosto, mas o medo de lhe tirar daquele estado confortável era terrível demais. E então, inexplicavelmente um pequeno sorriso surgiu no canto de seus lábios.
- Você está fazendo de novo, amor. - Ouvi sua voz rouca dizer-me aquelas palavras já tão conhecidas. Eu ainda me surpreendia com a minha própria surpresa ao ouvi-las.
- Me desculpe. Eu só não consigo evitar. - Eu ainda o olhava quando ele abriu os olhos, mostrando-me aquela imensidão sem fim, totalmente hipnotizante que sempre fazia com que eu perdesse o meu foco.
- O que tem de tão interessante em ficar me olhando dormir? - Ele apoiou o cotovelo sobre o travesseiro, e na mão postou sua cabeça, numa perfeita pose engraçada de quem não podia entender o meu ponto de vista. E mesmo com o cabelo totalmente bagunçado e a cara de sono exibindo olheiras fracas, ele ainda me parecia lindo.
- Olhar você dormir já é um costume para mim, meu bem. - Olhei-o ternamente, acostumando-me mais uma vez ao fato de que aquele ser perante mim era inteiramente meu e com o tamanho da minha sorte por isso. - Ver você ao meu lado todas as manhãs é sempre a primeira coisa boa de todos os meus dias. Como posso evitar olhar-te quando isso me faz esquecer de todas as coisas ruins? - Os olhos dele, agora um pouco mais intensos, analisaram meu rosto cuidadosamente, exibindo um tipo de brilho diferente após alguns segundos.
- Você... nunca tinha me dito isso. - Com cuidado, colocou uma de suas mãos sob o meu rosto e acariciou minha bochecha, como se eu fosse frágil demais para tal toque. - Se te faz feliz, posso ficar aqui o dia inteiro com você. Só acho que você vai cansar de me olhar.
- Eu tenho plena certeza de que isso é impossível. - Acariciei-lhe toda a extensão da face, desde a raiz dos cabelos, passando pelos olhos e bochechas, boca e queixo, enquanto ele fechava os olhos para sentir o toque da pele fria de meus dedos contra seu rosto. Eu morreria feliz depois de ver o sorriso que ele estampava. - Eu amo você.
- Eu sei... - Quando abriu os olhos, aproximou-se lentamente de mim e selou nossos lábios, mas somente por um instante. - Eu amo você. - Seu olhar era sério e penetrante, e acredito que o meu era um perfeito reflexo. Eu não podia fazer mais nada do que sorrir, embora.
- E então... ainda temos aquele bolo de chocolate para o café. - O ouvi gargalhar gostosamente após o que eu havia dito, e não pude evitar rir junto. - Eu sei o quanto você gosta daquela cobertura!
- É claro! Sua cobertura de chocolate é a melhor do mundo! - E com um salto, saímos os dois da cama, atravessando a porta do quarto e seguindo rumo à cozinha, onde daria-se seguimento a mais um dia que havia iniciado-se do jeito que eu mais gostava... ao lado dele.


E então o despertador ao meu lado tocou, e eu percebi que tudo não havia passado de um sonho. Outra vez.

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